segunda-feira, 12 de julho de 2010
Caravelas – a força da natureza e da cultura
Postado por Teatro a Bordo às 06:40 0 comentáriosO dia 26 foi quando tivemos o prazer de conhecer pessoalmente a Ponta de Areia, meio mítica para os “MPBnômanos” que ficaram por muito tempo ouvindo mentalmente a voz (que segundo Elis seria a de Deus, se Este cantasse) de Milton Nascimento entoando: “Ponta de Areia, ponto final da Bahia-Minas, estrada natural...”.
Pois é assim mesmo, ou se preferir “Estrada de Ferro Bahia – Minas” que fez parte da história do município de Caravelas entre os anos de 1881 e 1966, quando foi extinta por um decreto presidencial. E é o que ficamos sabendo pelo belo livro “Relatos Históricos de Caravelas (desde o século XVI)”, de Benedito Pereira Ralile, Carlos Benedito de Souza e Scheilla Franca de Souza; um importante relato histórico desde pedaço do país e de sua memória que conhecemos lá. Memória de mais um dos “surtos febris” do nosso desenvolvimento, que quando passam (como passou a cana, o cacau, o ouro, o café, etc., não necessariamente nessa ordem...) deixam rastros de antigas opulências e abandono. No caso de Ponta de Areia e Minas o surto era de madeiras nobres, segundo nos contaram.
Mas, lá em Caravelas e em Ponta de Areia a história continua, história de gente viva e linda. Como são lindas as meninas e meninos do grupo UmbandaUm, que se apresentou como convidado local. Lindas porque é lindo seu trabalho que poeticamente afirma a dignidade da mulher em geral, da mulher negra e baiana em especial. Lindo porque as vozes e as músicas soam com a vibração da verdade do que expressam no seu espetáculo “Mulheres”.
Lá em Caravelas, onde conhecemos gente muito bacana e atuante da Secretaria de Cultura, história e memória e cultura viva, então, andam de braços dados com uma natureza extasiante.
Neste ponto é bom lembrar do Arquipélago de Abrolhos, com suas baleias cuja população vem crescendo, depois que a mortandade foi proibida (convém ressaltar que tem gente que já quer voltar com os arpões apontados para aquela festa de vitalidade gigantesca). São muitas jubarte que vão para lá para sua estação de amor e perpetuação da espécie e também um bocado de corais e aves e muitas espécies que têm ali seu santuário. O turista, o visitante, ao vê-los, fica convidado a se posicionar em favor desses habitantes e de sua radical preservação ao vê-los tão exuberantemente belos. Caravelas é o ponto de acesso mais próximo para o arquipélago.
Além disso, outros importantes trabalhos ambientais vêm sendo feitos por instituições como o Projeto Manguezal CEPENE/Ibama, que, como o nome já diz, busca a preservação desse importante tipo de ecossistema, que é uma espécie de “berçário natural” de muitas espécies marinhas, inclusive as de Abrolhos.
Portanto, nossa estada em Caravelas foi um “banho” de história, cultura e natureza.
A proverbial hospitalidade baiana nos legou também um delicioso jantar com o pessoal do grupo UmbandaUm onde pudemos ainda conhecer um músico muito jovem e muito talentoso chamado Netinho, numa informal “roda de violão”, somando seu nome aos talentos em “estado bruto” que temos encontrado por nossos caminhos.
Então, mandamos nosso abraço para a turma toda de lá, ao Jorge “Dó” Galdino, a Anne, Itamar, Mãinha e todo o povo do grupo, ao Netinho que esperamos em breve ouvir com suas composições cheias de harmonia e suíngue. Se possível fosse, gostaríamos de abraçar as baleias também.
Podemos abraçar a idéia de salvá-las com seus amigos corais e peixes e atobás e outros.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Alcobaça – Matrizes do Brasil
Postado por Teatro a Bordo às 18:49 0 comentáriosA cidade, homônima de uma cidade portuguesa, como a sua “xará” lusitana guarda um bocado de história, que diz muito respeito à nossa infância como país, período em que a Bahia e o que viria a ser o Brasil eram divididos em capitanias formando a América Portuguesa.
A Alcobaça baiana tem belas praias, é, juntamente com Caravelas e Prado, um ponto de fuga para o belo Abrolhos.
Chegamos e fomos para o local das apresentações, a Praça da Caixa d`Água, uma das praças centrais da cidade e que abriga o reservatório que garante a distribuição de água potável e acolhe também as festas, festivais e carnavais que acontecem na cidade.
Nesse meio tempo, em umas voltas pela cidade, pudemos ver os casarões históricos que contam, pela arquitetura, aquela história toda.
Como os dois imponentes sobrados que se defrontam desde o século XIX; um deles o sobrado construído pelo major Izidro Pedro do Nascimento (1846-1923) e que hoje cumpre a função de casa paroquial e residência de religiosos.
O outro é o sobrado da família Medeiros, cujo antigo porão guarda a memória dos tempos vis da escravidão, quando servia de senzala.
Há vários e belos outros casarões ou construções menores, em variados estados de conservação.
Mas um patrimônio imaterial muito presente na cidade e na região são as tradições populares e suas festas. Embora não tivéssemos tido como conhecer a fundo (até porque o tempo não permitiu), ficamos sabendo das marujadas, cavalhadas, brincadeiras de cristãos e mouros, da Festa de São Sebastião às margens do Rio Itanhém, dos folguedos de Reis, brincadeiras de pastoras e ternos de boi.
A Festa de São Pedro nós pegamos, já nos moldes de festa moderna, com forrós eletrônicos e equipamentos pesados de som. Mas a diversão remetia à alegria das festas dos junhos de sempre, nessa versão “atualizada”.
Agora, o local onde acontecia tal festa era encantador, parecendo quase um cenário, uma vila cenográfica. Mas tudo lá é “de vera”, com gente morando nas pequenas casas de vilarejo acolhedor, usando os barcos ancorados no entorno para a pesca e rezando na singela capelinha de São Pedro que dava o mote ao festejo. De repente, no meio de déjà vus, pisadinhas e até uns pés-de-serra, lá estavam eles nos olhando dançar: Pedro, João e Antônio.
A gente vê que o Brasil e suas memórias estão nos lugares mais inesperados e surpreendentes, não? Basta tirar o olhar do óbvio.
Falando em surpresa (pois a gente sempre fica na expectativa de como as platéias vão receber o trabalho e quem entra achando que já ganhou...), a recepção do público de Alcobaça foi ótima, calorosa e com aquele bom-humor nos comentários que só a Bahia sabe fazer no tempero certo.
Axé, até a volta e valeu, Alcobaça.
Prado – Bahia que não me sai do pensamento...
Postado por Teatro a Bordo às 13:49 0 comentáriosSobre as apresentações, acho que não é e não seria nenhuma novidade dizer que fomos muito bem recebidos, pois esse povo baiano sabe como tratar bem as pessoas!
Nosso convidado local, o Grupo Raiz Negra deu um show com lindas danças folclóricas e capoeira, mas capoeira de verdade... com aquele batuque e energia peculiar deles.
Foi um banho de energia positiva, trazendo muito “axé” para o nosso projeto!
sábado, 3 de julho de 2010
As Pedras Valiosas do Jequitinhonha
Postado por Teatro a Bordo às 21:53 0 comentáriosO Jequitinhonha sempre foi muito abençoado, até porque o topônimo Jequitinhonha é de origem indígena e tem o significado de rio largo e cheio de peixes e mesmo sendo conhecida por seus baixos indicadores sociais é detentora de muita riqueza cultural e de beleza natural.
Porém, as verdadeiras pedras valiosas do Vale do Jequitinhonha, diferente daquelas que foram extraídas pela coroa de Portugal no século XVII, são as pessoas que nele residem. Pessoas que defendem sua cultura, seu passado e sua identidade. Maravilhosas por fora e por dentro. Receptivas, generosas e sempre com uma pitada gostosa de timidez.
Foi um enorme prazer poder conviver durante este pouco e precioso tempo com essas pessoas que preencheram nossa alma com sua alegria.
Obrigado Vale... Valeu!
Uma singela homenagem de toda a equipe Teatro a Bordo
Senador Modestino Gonçalves: A Vossa Mercê
Postado por Teatro a Bordo às 21:13 0 comentáriosO lugar também é conhecido como Mercês ou Mercê pela população, pelo motivo de ser chamado anteriormente como Nossa Senhora das Mercês.
A cidade que tem um charme peculiar de lugar pequeno com um aroma caprichoso e aconchegante de frutas, recebeu o projeto Teatro a Bordo de forma como se eles fossem apenas os favorecidos. Porém, o que eles talvez não saibam é como nos sentimos beneficiados quando vemos aquela platéia lotada de pessoas, que na maioria dos casos nunca viram aquilo, se divertindo e curtindo aquele momento. Isso é uma graça , da forma positiva da palavra e muito recompensador.
Vale ressaltar a bela apresentação do grupo de teatro da cidade Mercês do Araçuaí que abrilhantou ainda mais a programação no espaço "Convidado Local".
Que belo povo e que bela cidade! Difícil de explicar... na verdade acho que tem explicação sim:
- Mercê: Concessão de uma graça, benefício ou favor. Arbítrio, capricho... Sinônimos que tem tudo a ver com as imagens não é?