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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Caravelas – a força da natureza e da cultura

Vai ser preciso ser econômico com as palavras para contar o jorro de cultura, história e natureza que nos atingiu na cidade de Caravelas, onde estivemos em 26 e 27 de junho.

O dia 26 foi quando tivemos o prazer de conhecer pessoalmente a Ponta de Areia, meio mítica para os “MPBnômanos” que ficaram por muito tempo ouvindo mentalmente a voz (que segundo Elis seria a de Deus, se Este cantasse) de Milton Nascimento entoando: “Ponta de Areia, ponto final da Bahia-Minas, estrada natural...”.

Pois é assim mesmo, ou se preferir “Estrada de Ferro Bahia – Minas” que fez parte da história do município de Caravelas entre os anos de 1881 e 1966, quando foi extinta por um decreto presidencial. E é o que ficamos sabendo pelo belo livro “Relatos Históricos de Caravelas (desde o século XVI)”, de Benedito Pereira Ralile, Carlos Benedito de Souza e Scheilla Franca de Souza; um importante relato histórico desde pedaço do país e de sua memória que conhecemos lá. Memória de mais um dos “surtos febris” do nosso desenvolvimento, que quando passam (como passou a cana, o cacau, o ouro, o café, etc., não necessariamente nessa ordem...) deixam rastros de antigas opulências e abandono. No caso de Ponta de Areia e Minas o surto era de madeiras nobres, segundo nos contaram.

Mas, lá em Caravelas e em Ponta de Areia a história continua, história de gente viva e linda. Como são lindas as meninas e meninos do grupo UmbandaUm, que se apresentou como convidado local. Lindas porque é lindo seu trabalho que poeticamente afirma a dignidade da mulher em geral, da mulher negra e baiana em especial. Lindo porque as vozes e as músicas soam com a vibração da verdade do que expressam no seu espetáculo “Mulheres”.

Lá em Caravelas, onde conhecemos gente muito bacana e atuante da Secretaria de Cultura, história e memória e cultura viva, então, andam de braços dados com uma natureza extasiante.

Neste ponto é bom lembrar do Arquipélago de Abrolhos, com suas baleias cuja população vem crescendo, depois que a mortandade foi proibida (convém ressaltar que tem gente que já quer voltar com os arpões apontados para aquela festa de vitalidade gigantesca). São muitas jubarte que vão para lá para sua estação de amor e perpetuação da espécie e também um bocado de corais e aves e muitas espécies que têm ali seu santuário. O turista, o visitante, ao vê-los, fica convidado a se posicionar em favor desses habitantes e de sua radical preservação ao vê-los tão exuberantemente belos. Caravelas é o ponto de acesso mais próximo para o arquipélago.

Além disso, outros importantes trabalhos ambientais vêm sendo feitos por instituições como o Projeto Manguezal CEPENE/Ibama, que, como o nome já diz, busca a preservação desse importante tipo de ecossistema, que é uma espécie de “berçário natural” de muitas espécies marinhas, inclusive as de Abrolhos.

Portanto, nossa estada em Caravelas foi um “banho” de história, cultura e natureza.

A proverbial hospitalidade baiana nos legou também um delicioso jantar com o pessoal do grupo UmbandaUm onde pudemos ainda conhecer um músico muito jovem e muito talentoso chamado Netinho, numa informal “roda de violão”, somando seu nome aos talentos em “estado bruto” que temos encontrado por nossos caminhos.

Então, mandamos nosso abraço para a turma toda de lá, ao Jorge “Dó” Galdino, a Anne, Itamar, Mãinha e todo o povo do grupo, ao Netinho que esperamos em breve ouvir com suas composições cheias de harmonia e suíngue. Se possível fosse, gostaríamos de abraçar as baleias também.

Podemos abraçar a idéia de salvá-las com seus amigos corais e peixes e atobás e outros.





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